July 2014
Para quem me conhece minimamente bem sabe que complicar é a minha palavra favorita. Tenho este síndrome, problema, seja lá o que isto é, de torturar o meu cérebro (e o meu rico tempo) a imaginar cenários do tipo país das Maravilhas e as situações mais rebuscadas, cuja probabilidade de acontecerem na realidade são quase nulas. Para meu enorme desgosto, este trinta e um torna-me numa pessoa muito insegura em muitos aspectos. As oportunidades passam, e eu não as agarro com unhas e dentes, simplesmente porque acho que não sou capaz. Os outros é que são. Os outros têm sempre mais qualquer coisa que eu não tenho. Nem que seja uma pele imaculadamente perfeita, sem borbulhas e uns olhinhos azuis, cor do mar. Juro, por vezes penso que alugo casa na minha cabeça a um monstro que se alimenta constantemente dos meus pequenos (e também grandes) erros e fracassos quotidianos. "Não, eles é que são melhores, nem vale a pena tentares". Claro, tudo isto se traduz, numa verdadeira e enorme estupidez. E claro, passado uns tempos olho para trás e penso "mas que burra, burra, burra que tu foste, Mariana". Tornei-me no tipo de pessoa que faz sempre uma introspecção de tudo aquilo que quer fazer e sentir demasiado profunda; analiso todos os prós e contras, o que pode dar certo, o que pode dar errado. Basicamente, tento prever o futuro. E controlar aquilo que foge completamente das minhas mãos - sentir. Infelizmente, a minha carreira de vidente vai de mal a pior, e com esta necessidade ridícula de viver no futuro em vez de gozar o presente começo a ficar um tanto dividida entre duas dimensões.
Complicar. A minha palavra favorita, dizem eles. Solução? Podia tentar trocar de palavra. Não. Isso seria o mesmo que complicar. Eis que aquela aula de português chata sobre prefixos pode resolver o problema.
Complicar. (Des)Complicar. Descomplicar.
Descomplicar. A minha nova palavra favorita.